PROJETO

IMPLEMENTAÇÃO DO MUSEU DE ARQUELOGIA E PALEONTOLOGIA DO MUNICÍPIO DE ALEGRETE/RS.

SILVANA ESCARRONE RODRIGUES

CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO DE ALEGRETE/RS

ALEGRETE / AGOSTO - 2001

1-TÍTULO:

Implementação do Museu de Arqueologia e Paleontologia do Município de Alegrete / RS.

2- RESPONSÁVEL:

Silvana Escarrone Rodrigues

3- IDENTIFICAÇÃO

CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENTAÇÃO DE ALEGRETE / RS

NÚCLEO DE PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS

4- OBJETIVOS

Implementar o Museu de Arqueologia e Paleontologia do Município de Alegrete para apresentar à comunidade parte do acervo arqueológico e paleontológico pertencente ao Centro de Pesquisa e Documentação;

Pesquisar sobre as evidências da cultura material, como também o material fossilífero;

Inventariar todo o acervo arqueológico e paleontológico desta instituição;

Identificar à quais grupos humanos pertencem estas evidências; assim como identificar o acervo paleontológico;

Documentar todo o acervo arqueológico e paleontológico;

6- Informatizar e qualificar o acervo, de forma a tornar mais fácil o seu acesso.

7- Incentivar à capacitação e qualificação dos profissionais ligados a este projeto.

5- CARACTERIZAÇÃO E RELEVÂNCIA DO TEMA

Identificamos o Patrimônio Cultural de um país como o conjunto dos produtos artísticos, artesanais e técnicos, das expressões literárias, lingüisticas e musicais, dos usos e costumes de todos os povos e grupos étnicos, do passado e do presente. Neste sentido, entendemos que o patrimônio cultural de um povo são todas as suas culturas, seus produtos culturais, e sua simbolização.

Falar de patrimônio cultural exige falar de museu porque esta instituição foi criada especialmente para preservá-lo. Sua estreita relação com este mesmo patrimônio, estabelece sua função primordial que é a preservação, e dela se desprendem as outras de investigação, conservação, salvamento, resgate, tombamento e exibição com fins de educação, pesquisa e lazer.

Do ponto de vista de seu impacto técnico- científico, cultural, econômico e/ou social, a relevância do tema é evidente, tendo em vista o importante acervo de evidências materiais que pertencem ao Centro de Pesquisa e Documentação de Alegrete, que são a possibilidade de resgate da História e principalmente das origens dos primeiros homens de nosso município.

Outro fator que comprova a relevância do tema, é o significativo acervo paleontológico que após a sua análise revelará muitas informações sobre importantes espécies da flora e fauna da região, estado e país.

6- PESQUISAS ARQUEOLÓGICAS E PALEONTOLÓGICAS PRÉVIAS

O acervo arqueológico e paleontológico pertencente ao Centro de Pesquisa e Documentação de Alegrete, se origina de coleções particulares que ao longo dos oito anos (8) de existência do Centro de Pesquisa e Documentação de Alegrete foram sendo doadas. Algumas destas peças fazem parte dos sítios que já foram pesquisados por renomados arqueólogos e paleontólogos, cujo trabalhos apresentamos nesta pesquisa prévia.

O potencial arqueológico e paleontológico do município de Alegrete e região é muito grande, neste sentido podemos dizer que a região já foi alvo de inúmeras pesquisas como as de RAMBO (1957) que trouxe os primeiros resultados de pesquisas arqueológicas.

Entre janeiro e abril de 1969 Eurico Miller havia prospectado dentro da metodologia do PRONAPA 81 sítios arqueológicos na bacia do Médio Uruguai. A maioria destes sítios eram de céu aberto, devido as características da região que fisiograficamente não possui acidente geográficos que possibilitem a formação de abrigos , grutas, etc.

MILLER( 1969) define então duas fases arqueológicas de ceramistas e um complexo arqueológico pré - cerâmico. Este complexo era representado por 61 sítios, com componentes líticos lascados com percussão e confeccionados a partir de núcleos, lascões e lâminas de arenito metamórfico. A preferência da matéria prima é o basalto e a calcedônia. Os artefatos mais característicos são os raspadores e as facas - raspadores.

Os sítios considerados maiores (MILLER, 1969) localizam-se nas margens dos cursos de água, os menores, sobre porções mais elevadas ou junto a banhados.

O s níveis arqueológicos aparecem superficialmente ou recobertos por aluviões de áreas de várzeas ( barrancas de rio). As dimensões dos sítios variam entre 500 e 3.000 metros quadrados. Neste complexo apareceram evidências líticas associadas a restos de megafauna com uma datação de 12.770 A. P.

As coleções coletadas mostram uma boa variedade de instrumentos como por exemplo: raspadores, lâminas - facas, facas - raspadores, lascas com evidência de uso, talhadores, pontas de projétil, percutores, bifaces e boleadeiras.

As pontas de projétil são representadas por uma variedade de formas, na sua grande maioria com pedúnculos e bifaciais, apresentando também algumas unifaciais. Alguns bifaces, MILLER os relaciona com implementos do Altoparanaense (MENGHIN, 1957) e aos do Quaraiense (BÓRMIDA, 1964).

MILLER ( 1969) relaciona este complexo aos da Fase Rio Pardinho, Fase Camuri e Fase Amandaú e com o período IV da estratificação de Magalhães.

MILLER ( 1976) já desenvolvendo outro projeto, chamado PROJETO PALEOINDÍGENA (PROPA) sob os auspícios do Smithsonian Institution e FAPERGS retoma à área do Oeste do Rio Grande do Sul, repassando os sítios da bacia do médio rio Uruguai.

MILLER (1976) apresenta novas evidências a partir dos dados então levantados pelo PRONAP, dos sítios paleoindígenas. Com a apresentação destes dados, um nova discussão toma corpo no Rio Grande do Sul, pois a antigüidade dos sítios do Rio Uruguai e seus afluentes são indiscutíveis. Neste projeto MILLER( 1976) escavou nove sítios (9) junto ao rio Uruguai e três junto junto a um pequeno afluente, o arroio Touro Passo.

A seqüência proposta por Miller a partir dos novos dados, indicavam uma ocupação humana iniciada no Pleistoceno ( 12.770 A.P.) com caçadores de megafauna sem pontas de projétil líticas, que cobririam toda a seqüência litoestratigráfica pelo menos até 6.000 A.P..

As pesquisas indicavam a utilização de ossos com matéria-prima e o uso de uma fauna variada para a alimentação. Nesta época as discussões de Miller davam indícios de uma possível divisão desta seqüência cultural entre uma fase com pontas de projétil e outra com pontas de projétil.

MILLER( 1987) em uma publicação mais ampla, divide então o material oriundo das pesquisas no vale do Rio Uruguai em duas Fases: Ibicuí ( sem pontas de pontal de projétil associada a material fóssil e Uruguai com pontas de projétil líticas. Estas duas fases arqueológicas foram inseridas dentro da Tradição Paleoindígena com um limite cronológico de 12.770 a 8.500 A.P..

Como as publicações de E. Miller foram raras, muitas foram as especulações e tentativas de explicações sobre este conjunto cultural, que é o portador do maior número de sítios sondados e escavados, como também o maior número de datações de C14.

KERN ( 1981) realizou um inventário crítico dos dados já publicados sobre os sítios, e vestígios arqueológicos atribuídos as duas Tradições Líticas do Sul do Brasil, Umbu e Humaitá.

MENTZ RIBEIRO (1979) faz uma síntese, na realidade uma tentativa de organização dos dados existentes sobre as culturas pré-históricas do sul do Brasil baseando-se em áreas fisiográficas.

SCHMITZ & BROCHADO (1972) pesquisaram na área do Complexo Itaqui ( MILLER, 1969) e separaram o complexo em duas Fases: Itaqui I e Itaqui II. A descrição destas duas fases é muito similar as das Fases do Quaraiense.

Para MENTZ RIBEIRO ( 1979), o Complexo Itaqui de MILLER (1969) é uma indústria de núcleos da Tradição Humaitá e pontas de projétil da Tradição Umbu. As duas datações mencionadas por Mentz Ribeiro a.C. Na Fase Ibicuí do Complexo, aparece fauna extinta associada a material lítico lascado. Segundo o autor da síntese, o grupo humano representado por estes vestígios possuía hábitos de "habitat campesino" com pontas de projétil.

MENTZ RIBEIRO ( 1979), traça uma ampla gama de comparações entre o material do sul Brasil e de outras regiões da área Platina. A Tradição Humaitá da encosta do planalto, seria representada na Argentina ( Missiones) e sul do Paraguai pelo Altoparanaense (MENGHIN, 1956; RIZZO, 1968).

MENTZ RIBEIRO (1979) passa a comparar o Quaraiense de BÓRMIDA (1964) com o complexo Itaqui, fato já mencionado por BOMBIN (1976), devido aos talhadores unifaciais e bifaciais, raspadores e pedras com entalhes. No Quaraiense inexistem os talhadores alongados, triédricos. Predominam os talhadores retangulares, ovalados de comprimento mais ou menos igual à largura. Segundo o autor, no Quaraiense predominam os talhadores unifaciais e na Humaitá os bifaciais com restos de córtex na área central. MENTZ RIBEIRO (loc.cit.) coloca que o Quaraiense é o elo de ligação entre o Altoparanaense de hábitos florestais e o Quaraiense de hábitos campesinos, ao sul.

Quanto aos caçadores com pontas de projétil MENTZ RIBEIRO (1979), diz que existem semelhanças entre os sítios com o mesmo material de Minas Gerais e São Paulo, mas que é no Uruguai, e extremo sul do continente que se apresentam notáveis igualdades. São exemplos do Período de BIRD (EMPERAIRE et al, 1963) e mais ao norte na região do Grande Pampa ( WILLEY, 1971, 1978).

SCHMITZ (1982) escreve sobre os trabalhos realizados no sul do Brasil, tece algumas considerações sobre os sítios antigos escavados por E.Miller. Schmitz que que E.Miller dividiu seus achados em duas fases: uma com pontas de projétil( mais recente( e outra sem pontas de projétil (mais antiga).

SCHMITZ ( 1982) da ênfase a cronologia dilatada as duas Fases, com a mais antiga datada de 12.770 e a mais recente com um corte cronológico mais amplo 9.595 a 10.400 A.P. Schimtz liga a Fase Uruguai ao Estágio IV de MacNeish. Fica claro que a fase Uruguai é um foco inicial de uma Tradição de pontas líticas pedunculadas, possuindo prosseguimento cultural até o século XVI, com a denominação de Tradição Umbu.

SCHMITZ (1982), diz que as possíveis conexões da Fase Uruguai com as áreas vizinhas, Uruguai, Missiones), se embasam na grande semelhança entre os sítios. Além dos sítios, a geografia das regiões são parecidas, proporcionando um estabelecimento muito antigo desta cultura arqueológica.. Desta forma fica claro que o foco de desenvolvimento da Tradição Umbu é o oeste do Rio Grande do Sul, noroeste do Uruguai e a província de Corrientes na Argentina. Antes das descobertas de Miller se pensava que as pontas desta região poderiam ter tido origem no extremo sul (Patagônia), mas as presentes datações claramente invertem a situação.

SCHMITZ (1982), faz uma diferenciação entre as pontas de projétil da Fase Uruguai e as encontradas em Rio Claro/SP ( MILLER, 1969) e Lagoa Santa /MG ( HURT & BLASI, 1969; LAMING-EMPERAIRE et alli, 1975), evidenciando que são todas evoluções regionais.

MILLER (1987), apresenta de maneira ainda sintética os resultados do PRONAPA. Nesta publicação ele deixa claro a existência de uma Tradição Paleoindígena ocupando vários horizontes estratigráficos e a presença também de um outro conteúdo cultural denominado de Complexo Itaqui Arcaico.

SCHMITZ ( 1990), retoma a discussão dos sítios antigos no Brasil ou considerados Pleistocênicos. Nota-se uma nova posição de Schmitz em relação as pontas provenientes de Rio Claro/SP. Neste trabalho Schmitz deixa claro, que as pontas do Alice Boër pertencem a uma Fase Setentrional da Tradição Umbu e que as porções holocênicas dos sítios de Rio Claro seriam também da Tradição Umbu. Para o Rio Grande do Sul, SCMITZ (1990) coloca novos dados para a Tradição Umbu, situando a Fase Capivara e Batinga no Holoceno Antigo ( 11.000 A. P.).

SCMITZ (1991), divide o Brasil em duas grande áreas, o Litoral e o Planalto. Coloca na região dos campos subtropicais a Tradição Umbu com as suas Fases mais antigas no sudoeste do Rio Grande do Sul ( Fase Uruguai, 11.555 - 8.500 A. P. )., sudoeste do Paraná ( Fase Vinitu, 8.000 - 7.000 A. P., Fase Itaguagé ( norte do Paraná, mais de 8.000 A. P.), Fase Capivara ( nordeste do Rio Grande do Sul, estimada em 10.000 A.P.).

Os sítios mais antigos são os do extremo sul do Rio Grande do Sul, e para o caso específico os da Fase Uruguai, que poderiam Ter tido origem da Tradição Umbu. SCHMITZ ( 1991), diz que a periodização é meramente indicativa e que as regionalizações encontram-se ainda sem explicações.

MENTZ RIBEIRO ( 1990) coloca que a Tradição Umbu recua até transição entre o Pleistoceno e o Holoceno. Os seus materiais mais característicos são pontas de projétil líticas e pedunculadas. Quanto as origens desta Tradição o autor especula possibilidades de ondas migratórias vindas da Ásia em busca de subsistência, porém afirma não haver dúvidas que a origem da Tradição Umbu se insere em uma onda migratória asiática. A sua origem local segundo MENTZ RIBEIRO) da (Tradição Umbu) seria a Fase Uruguai no sudoeste do RIO Grande do Sul em 11.555 A. P..

PROUS (1991), compara o Complexo Itaqui de MILLER (1969) ao Quaraiense da "Argentina", mencionando que a dispersão desta indústria lítica atingiria os vales dos rios Uruguai, Ibicuí, Ibirapuitã e Cuareim.

HILBERT (1994), coloca alguns problemas levantados após as primeiras análises do material lítico pertencente a Tradição Umbu e Humaitá: a) a definição das tradições Humaitá e Umbu se fundamenta em poucos critérios tipológicos; b) a classificação do material lítico se condiciona à associação com "guias - fósseis"; c) a limitação de poucos atributos para classificação, induz a uma extrema polarização entre as duas tradições. Como resultado destas simplificações segundo Hilbert ocorre um determinismo cultural, ou seja um modelo que não tem sofrido alterações nos últimos 30 anos. A configuração atual é de duas culturas distintas que viveram em ambientes também distintos em sincronia cronológica. A definição em vigor é de que a Tradição Humaitá, não possui pontas de projétil e ocupou as matas subtropicais da encosta do planalto. A Tradição Umbu possuindo pontas bifaciais ocupou as planícies do Pampa.

HILBERT (1994), levanta a hipótese de que ambas as Tradições mencionadas fariam parte de uma somente, e que a exploração de áreas bio - geográficas diferenciadas se refletiria na composição do artefato lítico.

O último trabalho de síntese sobre Arqueologia do Rio Grande do Sul é o de TORRONTEGUY (1993) que publica dados já consagrados na comunidade científica.

MILDER 91994) resgata fatos históricos do Projeto Paleoindígena, dirigido por MILLER (1971-1978). A descoberta de um sítio, denominado RS I 50, possibilitou ao arqueólogo Eurico Miller, desenvolver em um período posterior ao PRONAPA (Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas) um projeto voltado ao estudo de Predadores antigos. Na literatura este projeto é conhecido como PROPA(MILLER, 1987)ou Projeto Paleoindígena, e foi patrocinado pelo Instituto Smithsonian- USA e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul.

No plano de pesquisa elaborado para a FAPERGS (MILLER, 1971-1972, manuscrito) o título é bem mais abrangente: Programa de Pesquisas Arqueológicas sobre o Paleoindígena, Paleofauna e Paleoclima do rio Uruguai, ibicuí e áreas próximas do Rio Grande do Sul, Brasil. As características apontam para um projeto ou programa de pesquisa multidisciplinar, com concorrência de múltiplas ciências, principalmente as do Meio Ambiente.

A origem do Programa reside no achado já mencionado do sítio até então peculiar, durante o terceiro ano do PRONAPA, onde restos de fauna pleistocênica extinta estavam associados a materiais de origem antrópica.

O PROPA então, não só surgiu para estudar estas evidências atípicas, mas também todo o contexto de transição pleisto - holocênica, visando uma reconstituição ambiental regional, afim de inserir os Predadores que haviam deixado suas marcas no RS I 50. Estas características especiais foram propostas ao Instituto Smithsonian que se encarregou de financiar as atividades de campo, as datações e os materiais necessários, bem como providenciar bolsas de pesquisa para os participantes.

O quadro de pesquisadores era composto por Eurico Miller (arqueólogo coordenador), Darcy Clós ( Paleofauna e Paleoclima), Miguel Bombin ( ecólogo), Carlos de Paula Couto ( paleontólogo) e Hardy Jost (Geomorfólogo).

O Programa deveria se estender por cinco anos, começando por 1972 e terminando em 1977, porém se estendeu até 1978, com mais um ano de financiamento.

A metodologia de campo estava ligada ao pressuposto de que onde fossem encontrados fósseis, também existiriam sítios de caçadores antigos. Desta forma todos os afloramentos foram mapeados, os até então conhecidos e junto começaram as sondagens arqueológicas. Devido a esta metodologia todos os sítios arqueológicos antigos estão ligados a localidades com abundância de fósseis de animais extintos, como é o casso do arroio Touro Passo, rio Quaraí, Sanga da Cruz ( Lageado dos Fósseis).

O autor do programa não deixou mais explícito os detalhes inerentes aos aportes teóricos a serem aplicados para a interpretação dos resultados.

Estes dados foram retirados dos relatórios enviados a FAPERGS (manuscritos) e arquivados no MARSUL.

PARA e. Miller seriam paleoindígenas os sítios com associação de megafauna ou não, com cronologia anterior ao Holoceno, sendo que o conjunto material ( pontas de projétil específicas), não seriam preponderante, pois MILLER (1987) menciona a ocorrência de uma Tradição Paleoindígena com ou sem pontas de projétil.

A noção de um paleoindígena cronológico ligado diretamente ao meio, é mencionado por MILLER (1976)- " Sua extinção coincide com as últimas evidências de megafauna." (p.489).

Quanto a sua economia MILLER ( op.cit.), diz que a presença de fauna de pequeno e grande porte nos sítios revela a utilização de ambas para a alimentação, sugerindo que, não necessariamente o paleoindígena deveria estar ligado a megafauna.

Milder (1994), faz algumas considerações gerais sobre a Fase Ibicuí, dizendo que MILLER (1996) publicou sumariamente dados sobre um complexo lito - cerâmico, denominado Complexo Itaqui, onde o rol de evidências iam desde fragmentos de cerâmica até líticos associados (?) a fósseis do Pleistoceno.

Os trabalhos evoluíram e novos projetos surgiram com a retomada das pesquisas de campo, e o então Complexo Itaqui transformou-se em Fase Itaqui, pois os resultados de C14 haviam separado cronologicamente os achados arqueológicos do vale do Rio Uruguai . O Sítio RS I50 com uma datação de 12.770 +- 230 A P. se distanciava entre as demais que possuíam datas basais de 3.527 +- 145 A.P..

Entre as pesquisas paleontológicas desenvolvidas no município de Alegrete, destacamos especialmente as de OLIVEIRA (1990, 1992), onde foram escavados muitos mamíferos fósseis do Quaternário.

As investigações arqueológicas e paleontológicas que vêm sendo realizadas no município de Alegrete estão gradativamente tirando algumas dúvidas sobre o homem pré-histórico na região.

Pôr meio dos restos de alimentos resgatados foram identificados animais que eram caçados há mais de 12.000 mil anos, como cervídeos, Propus (tatu extinto), Pampaterium (outra espécie de tatu extinto), Geoquelônios (tartarugas gigantes), Lhamas.

Além das pesquisas oficiais os achados vêm sendo registrados, através da relevante quantidade de material arqueológico e paleontológico, encontrados na casa de muitos habitantes do município de Alegrete e que através da educação patrimonial estão sendo doados ao Centro de Pesquisa e Documentação de Alegrete/RS.

7- METODOLOGIA

O Museu de Arqueologia e Paleontologia , será o fiel depositário de todo o acervo arqueológico e paleontológico do Município de Alegrete/RS doado ou fruto de pesquisas. Está sendo criado com o objetivo de incorporar a museologia ao processo de pesquisa, considerando que só assim haverá condições de sustentar um amplo trabalho de socialização do conhecimento que deve ser, sempre, a finalidade do trabalho científico.

A divulgação museológica deve ocupar espaço preponderante, na medida em que a linguagem do objeto ( fato museal) reúne um conjunto de códigos mais abrangentes, o que possibilita um efetivo processo de comunicação.

As atividades para a organização e criação do Museu, estarão embasadas pelas normas internacionais vigentes, além da assessoria voluntária que será prestada por profissionais das área competentes.

As principais técnicas a serem aplicadas são as propostas por BRUNO (1989), cuja obra revela uma estreita relação entre a museologia, a educação e a comunidade.

A reflexão sobre a utilização do museu para a comunicação da pesquisa científica passa, necessariamente, pela utilização do museu, também, como agência educativa. A relação cada vez mais estreita entre a museologia e a educação, tem suas raízes na especificidade do fato museal, que coloca o sujeito do conhecimento frente ao objeto exposto de forma que possa recolher tudo o que se tentou preservar.

Consideramos que o trabalho museológico necessita de uma proposta conceitual muito clara que se desenvolva através de etapas, sistematicamente avaliadas. Essas etapas devem ser encaradas como experiências que reflitam a proposta museológica e propiciem a aplicação de técnicas museográficas voltadas principalmente à comunidade e com um grande compromisso educacional.

Entendemos que o processo museológico é o conjunto sistêmico e cronológico de experiências que possibilitam a transmissão do conhecimento através da linguagem do objeto, levando-se em consideração a sua natureza, as particularidades da área do conhecimento em que está inserido e, acima de tudo, o público.

A estruturação de um museu e seu desenvolvimento devem estar apoiados em um processo de pesquisa museológica, em que a investigação deve estar centrada na aferição das possibilidades de resgate, conhecimento e emoção que o público consegue obter através do objeto.

8- METAS

A principal meta deste projeto é a definitiva implementação do Museu de Arqueologia e Paleontologia do Centro de Pesquisa e Documentação de Alegrete/RS.

Na mostra arqueológica e paleontológica permanente, as metas propostas estarão centradas no desenvolvimento da museologia com ênfase especial na reflexão sobre a importância do objeto em um processo educacional permanente, uma vez que ele reúne significados que traduzem sua técnica de confecção, lembram os homens que o criaram e utilizaram, e, os animais do passado, extrapolando, desta forma sua materialidade. Neste sentido, surgindo também como possibilidade de recriar à memória dos que perderam a visibilidade de suas vidas, suas resistências e projetos como também revelando espécies da flora e fauna extintas.

9- RESULTADOS ESPERADOS

Os resultados serão considerados satisfatórios se os principais objetivos forem alcançados, ou seja que o projeto se desenvolva obedecendo todas as etapas propostas.

10- BIBLIOGRAFIA GERAL E DE APOIO

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11- INDICADORES DE DESEMPENHO

Centro de Pesquisa e Documentação de Alegrete/RS.

Instituição particular, sem fins lucrativos, considerada de utilidade pública desde 1997.

Principal Característica:

Trabalho voluntário em todos os setores sem ônus para a instituição.

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02 bibliotecários

02 servidores de nível superior

03 estagiários

01 servidor de apoio

Núcleo de Pesquisas Arqueológicas

03 pesquisadores

02 servidores de nível superior

03 estagiários

01 servidor de apoio

Projetos em Andamento/2001:

Projeto de Lei "Criação do Museu de Arqueologia e Paleontologia do Município de Alegrete/RS ( tramitando na Câmara Municipal de Alegrete/RS);

Projeto de Lei " Preservação, Salvamento, Resgate e Tombamento do Patrimônio Arqueológico e Paleontológico do Município de Alegrete/RS;

Projeto de Implementação do Museu de Arqueologia e Paleontologia do Município de Alegrete;

Projeto

Documentos e obras historiografadas:

Arquivo da Diocese de Uruguaiana/RS, em obras que se relacionam com Alegrete (1816 - 1861) - 19 livros

Cartório de Registro Civil do Município de Alegrete - 7 livros

Câmara de Vereadores de Alegrete - 9 livros

TRABALHOS EM ANDAMENTO:

Organização da Coleção dos 60 jornais já publicados desde 1942 do município de Alegrete;

Organização das Coleções de Revistas de Importância Nacional ( de 1950 até a atualidade);

Organização de 1 (um) arquivo com dados referentes às 18 cidades da fronteira - oeste sul.

Numismática ( moeda e papel moeda)

Genealogia das Famílias Alegretenses e adjacentes;

Arquivo fotográfico que já conta com mais de 600 fotografias.

O Centro de Pesquisa e Documentação de Alegrete/RS é o FIEL DEPOSITÁRIO dos seguintes documentos:

Santa Casa de Caridade de Alegrete/RS;

Igreja Católica de Alegrete/RS;

Documentação do Foro da Comarca de Alegrete/RS;

Documentação da Justiça Eleitoral de Alegrete/RS

Livros Documentais da Brigada Militar e Bombeiros do Estado do Rio Grande do Sul

Documentação do Poder Executivo de Alegrete/RS;

Documentação do Poder Legislativo de Alegrete;

Documentação da Cooperativa de Lãs de Alegrete/RS;

Livros Caixa de estabelecimentos rurais;

Documentação da Escola Divino Coração;

Documentação particular de Oswaldo Aranha, Arthur Bento Hormain, Mário Quintana, Dr. João Modesto, escritor Miguel Jacques Trindade, entre outros.

CIRCULAÇÃO / COMUNIDADE USUÁRIA

Fluxo de usuários: 42 por dia ( média)

Tempo médio de duração das consultas: 1 hora ( nosso sistema ainda não é informatizado)


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