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IV Seminário Internacional Sobre Memória e Patrimônio

Universidade Federal de Pelotas, RS, Brasil

22-24 setembro de 2010

O quadro mundial dos fenômenos memoriais e patrimoniais observado nos tempos atuais nos leva a uma imagem mental de uma vaga, uma grande onda memorial-patrimonial que assola e se espraia por todos os continentes, um movimento pandêmico de valorização do passado no presente (Candau, 2007).

Da memória como atualização e representação do passado, nos remetemos ao patrimônio como sua expressão política, originado da ação de selecionar, identificar, escolher consciente ou inconscientemente aquele elemento que será represententativo de uma sociedade, comunidade, grupo social. Longe de sua função como legitimador do Estado Nação, o patrimônio não pode, na perspectiva das sociedades contemporâneas, ser abordado apenas como uma ideologia da memória ou testemunhos de uma história do poder. A emergência do Patrimônio Cultural Imaterial como lógica organizadora das expressões culturais vincula-se, em grande parte ao discurso da Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade Cultural (2005) da UNESCO, na qual o patrimônio imaterial foi lançado ao reconhecimento da diversidade cultural, fazendo incidir sua luz sobre manifestações que, grosso modo, poderíamos definir como cultura: expressões, crenças, saberes, fazeres, lugares, etc.

Construído em conjuntos discursivos que por vezes fazem do passado um valor absoluto e por outra reafirmando um valor de autenticidade, o que Daniel Fabre denomina como “verdade sem máscara do passado (Fabre, 2000), o patrimônio cultural imaterial associa-se quase intrinsecamente à noção de Tradição.

Vinculada ao campo antropológico, a noção de Tradição se apresentou mais como uma ferramenta operacional do que propriamente um conceito. Isso se justifica pelo fato de que a palavra tradição, tal como afirma Gerard Lenclud (...) é uma “palavra-problema     “ que remete a três características: o da transmissão, o do valor cultural fundamental e como uma propriedade do objeto transmitida de geração para geração com o fim de sua continuidade.

Esse Seminário Internacional pretende abordar a questão da Tradição não somente pela carga temporal que guarda em si, mas no interior de um regime patrimonial, levantando-se questões como: o que faz com que alguns elementos do passado sejam compreendidos como tradicionais, a despeito de outros? Qual o papel que exerce as Ciências Sociais, notadamente os profissionais que atuam no campo do patrimônio, na relação entre tradição e patrimônio? Como as políticas públicas de identificação e registro dessas manifestações tradicionais podem interferir nas mesmas? Como identificar e analisar o processo de transmissão da tradição considerando as constantes mutações as quais elas estão sujeitas?Em que medida se pode ainda manter a idéia de invenção, tal como a concebeu Hosbawm e Ranger considerando os diferentes sentidos e aplicações da categoria patrimônio no cenário contemporâneo?

Site : http://simpufpel.wordpress.com/
 

 


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